Leitora Compulsiva

A Garota dos Olhos Esmeralda, de Ana Beatriz Brandão #Resenha

a garota dos olhos esmeralda ana beatriz brandão verus resenha blog leitora compulsivaTítulo: A Garota dos Olhos Esmeralda

Autora: Ana Beatriz Brandão

Editora: Verus

Ano: 2021

Páginas: 224

Sinopse: AQUI 

Download do 1º Capítulo: AQUI

Onde Comprar o livro: Amazon, Submarino, Magazine Luiza

Onde Comprar o E-Book: Amazon (Kindle)

Participação Especial: Flavia, do Floresça Entre Livros

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Em setembro do ano passado, a Editora Record lançou o livro A Garota dos Olhos Esmeralda da autora Ana Beatriz Brandão e recebi um exemplar de cortesia em novembro. A Flavia do Floresça Entre Livros aceitou fazer essa leitura aqui para o Leitora Compulsiva!

Vamos conferir o que a Flavia achou desse livro?

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Sobre o que é “A Garota dos Olhos Esmeralda” e o que esperar desse livro?

Ana Beatriz Brandão é uma jovem escritora nacional que começou sua carreira aos 14 anos e estourou dentre os grandes nomes da Literatura Brasileira como um ícone da escrita moderna. Eu sempre achei as capas lindas e títulos de seus livros sempre trazem uma doçura nos temas. Apesar disso, “A Garota dos Olhos Esmeralda” foi meu primeiro contato com a escrita da autora, e confesso que me surpreendi com a abordagem e coragem da autora de reunir tantos temas sensíveis em uma só história sem pecar nos argumentos.

Já de início somos apresentados a Helena Oliveira Lobos uma estudante de medicina com especialização em neurologia que fica impressionada com uma jovem de seu estágio dos olhos verdes, sempre encontrada com um livro nas mãos conversando com seu amigo Henrique.

E já nesse início, eu achei que seria uma história sobre romance e sua jornada. Acontece que eu não poderia estar mais errada. O romance é apenas coadjuvante. Temos uma jovem estudante que aos seus 14 anos revelou ao seu pastor sua orientação sexual e, por sua revelação, pagou o preço alto da rejeição. Mas a história também não se resume a isso. A história nos conta como o esclerose lateral amiotrófica (ELA) – uma doença degenerativa – levou as duas pessoas a quem Helena mais amou na vida: seu pai e seu irmão, praticamente de uma vez só.

A medicina poderia até dar a Helena ferramentas para ajudar a salvar seu irmão, já que seu pai em estágio avançado de ELA não poderia ser tão ajudado. Mas foi tudo em vão. Sua busca seria por outras vidas. É nesse ponto da história em que conhecemos a Helena, descobrimos que junto com o luto, Helena não quer aceitar que acima de tudo, abriu mão de seu farol: A fé em Deus e no quanto Ele era quem lhe nutria de paz e luz para as escuras dores de sua alma ferida. Helena havia perdido o rumo com a perda. Ela não via razão pra existir sem aqueles que lhe nutriam a fé, a esperança, o pertencimento e a aceitação.

Não vou dizer que não esperava tudo que aconteceu na história. Mas isso não me privou dos pontos altos de emoção da leitura. Por outro lado, me irritei várias vezes com a teimosia da personagem em fugir de ajuda e aconselhamento técnico, tendo que chegar ao fundo do poço das emoções para gritar por ajuda.

Outro ponto que muito me surpreendeu é que a experiência com os personagens que vivem em torno de Helena, a desafiam a sair do seu poço de luto e ver que o mundo é muito mais que suas marcas e dores. A começar da revelação de que Abigail, a dona dos olhos esmeraldas, é uma paciente de Lúpus e enfrenta uma realidade diária com medicamentos e esquecimentos que a constrange fora o temor social de que muitos crêem que é contagiosa.

O que eu mais aprendi com Helena é que independente de orientação sexual, cor, credo ou origens sempre haverão os que nos aceitam como somos, e os que repelem nossa “chama”. Isso não nos define. O que nos define são nossas escolhas, comportamentos e a semente que cultivamos. Se alimentarmos as dores e as trevas, elas são maiores que nós mesmos. Mas se alimentarmos a chama da Graça, reconhecendo o favor imerecido que nos foi dado gratuitamente por Deus, repousando nossa fé em Sua grandeza e Seu propósito em nós, vamos ter forças para enfrentar o amanhã, sendo e vivendo nossa melhor versão.

O livro ainda traz uma referência religiosa para quem é da área de música que é a Hillsong United, um grupo musical australiano que é referência no meio evangélico para muitos cantores, o que me comoveu muitíssimo. A parte que eu mais gosto da liturgia em si é a parte da Adoração, ou música. Então essa parte das experiências da personagem, conectaram a parte mais sensível do meu coração e da minha própria fé, e isso me fez pensar em várias coisas que muito provavelmente eu não teria refletido, caso não houvesse seguido a leitura até a palavra FIM.

Confesso que nada na vida do ser humano é mais íntimo que a fé em si. E isso é inerente a cada indivíduo! Cada um de nós tem sua jornada, assim como Helena, e essa busca só termina quando finalmente encontramos as respostas que muitas vezes, nem imaginávamos que eram as que perseguíamos desde sempre.

Houve um ponto da história que me incomodou demais. Foi perceber o quanto Helena estava perdida e tudo se resumia a suas dores com sua mãe. Em um primeiro momento eu achava que tinha a ver com puro preconceito religioso, a necessidade de uma “cura gay”. Ao final ficou claro pra mim que a mãe era uma mulher dura, de difícil trato, de mente cauterizada a uma linha de raciocínio. E muito embora nenhum filho deveria sofrer esse tipo de maternidade, essa foi a maternidade que foi destinada a Helena.

Isso mês fez pensar que não existe certo e errado no melhor estilo branco e preto, existe a história de cada um. Com uma carga básica de obstáculos e desafios. Você pode se deixar paralisar e não alcançar nada, ou perseguir sua melhor versão e transpor tudo quanto for proposto, aceitando o protagonismo da sua história. Afinal, como a própria Helena conclui, família não é necessariamente sangue, mas quem escolhemos pra nos acompanhar a jornada da vida!

Os temas de luto e recomeço são os mais gritantes neste romance. Quase senti Helena enterrada junto com o pai e o irmão, ao ponto de não conseguir mais se conectar as memórias, tamanha a dor que atravessava pela separação prematura. A questão é que existia toda uma vida para Helena e ela não conseguia vislumbrar isso por estar presa a tantas amarras emocionais já que não aceitava as perdas e as partidas. Outro tema que eu considerei sensível é de que ela desde sempre assumiu o que desejava para si e como via sua orientação sexual e se descobriu gostando de uma garota que não queria dividir essa parte de sua história, nem mesmo com seus pais o que trouxe muita insegurança para Helena.

Uma das mensagens que eu mais gostei deixado no livro pela autora é de que não existem fórmulas mágicas, e que não importa o quanto o primeiro passo te traga libertação e esperança, existe um processo para cada um em suas dores e temores. Cabe a nós reconhecer essa jornada, e pagar o preço para que a cura seja completa na nossa alma e em nosso coração. As perdas virão, os lutos virão, e não será necessariamente apenas a perda de alguém que amamos. A vida deixa marcas, mas isso não nos define, só mostra que temos algo a mais a oferecer porque já estivemos naquele vale de escuridão e sempre há uma saída!

Acredito que é uma leitura que ajudará muitos em suas lutas, suas dúvidas, angústias e inclusive na sua busca por recuperar a fé que outrora foi perdida! Sem desmerecer a clara representatividade que a história pretende desmistificar e debater a falta de acolhimento familiar em uma situação de descoberta de quem se é e se reconhece ser, o livro não é apenas sobre isso!

Sobre a autora e seus livros…

Viver em um mundo cercado de magia — esse sempre foi o sonho de Ana Beatriz Brandão. Ela descobriu que era possível tornar isso realidade através da leitura quando conheceu O Pequeno Príncipe, aos cinco anos de idade. Targaryen, potterhead, narniana, semideusa e tributo, Ana vive muitas aventuras todos os dias. Aos treze anos, descobriu que contar histórias era sua paixão e desde então escreveu diversos livros, entre eles A garota das sapatilhas brancasO garoto do cachecol vermelhoSombra de um anjo e Caçadores de almas. Seu maior sonho é poder continuar contando suas histórias para todos aqueles que, como ela, acreditam que os livros são a melhor forma de tocar o coração das pessoas e mudar suas vidas. https://anabeatrizbrandao.com.br/

A Garota dos Olhos Esmeralda é o terceiro livro da autora a ser publicado pela Verus. Os dois primeiros foram O Garoto do Cachecol Vermelho e A Garota das Sapatilhas Brancas.

7 comentários sobre “A Garota dos Olhos Esmeralda, de Ana Beatriz Brandão #Resenha

  1. ELIZETE SILVA

    Olá! Uau, já me deparei uma vez ou outra com livros da autora, mas não imaginava que esse livro, com uma capa e títulos tão fofos, nos presenteassem com uma carga de drama tão grande, além, é claro, de todos esses temas tão atuais que precisam ser discutidos, e olha que são temas bem delicados hein, religião, orientação sexual, ELA e o luto, enfim, fiquei super interessada nesse enredo, e também curiosa para saber se os demais livros da autora tem alguma ligação em si.

  2. Eliane

    Não conhecia o livro Camila e pelo que li de sua linda resenha é que a autora aborda várias questões aqui .aborda dois tipos de doença e a vida da protagonista buscando recomeçar a vida e mostra também como é a fé das pessoas diante das diversidades .
    Bjs

  3. Angela Cunha Gabriel

    Eu só tinha visto o livro por cima e nunca havia parado para ler do que se tratava.
    Por isso, foi uma surpresa saber que o livro não é somente sobre as doenças, as dores, mas vai muito além de tudo isso.
    É como vidas e esse crer que tudo vai passar, quando colocamos fé em nós!
    Já vai pra listinha de muito desejados!
    Beijo

    Angela Cunha/O Vazio na flor

  4. rudynalva

    Flávia!
    Deve ser um daqueles livros intensos, que nos faz acompanhar uma história de perda e de reconstrução emocional após chegar ao fundo do poço.
    ELA é uma doença tão dolorosa e imagino a dor da protagonista em perder logo duas pessoas que amava e ainda uma mãe como essa.
    cheirinhos
    Rudy

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