Lycia Barros – A Bandeja

Título: A Bandeja

Série: Despertar

Autor(a): Lycia Barros

Editora: Arqueiro

Ano: 2014

Páginas: 240

Site Oficial da Autora: www.lyciabarros.com.br

Sinopse no Skoob

***

Fui convidada para apresentar o evento de fãs do autor Nicholas Sparks que rolou em 03/08 e uma das convidadas especiais do evento era a autora Lycia Barros, que além de ser super fã do autor, estava lá para apresentar seu livro A Bandeja, o primeiro da série Despertar. O livro já havia sido lançado por um selo independente e agora tiveram os direitos de publicação adquiridos pela Editora Arqueiro.

Como eu era uma das apresentadoras do evento, nada mais certo do que ler o livro, né?! rs… Normalmente não seria um livro que eu escolheria para ler porque os livros da autora são conhecidos pelo rótulo de gospel, mas por causa do evento resolvi sentar e dar uma chance ao livro.

Em ‘A Bandeja’, conhecemos a história de uma jovem de 18 anos chamada Angelina Hermann. Somente aos 15 anos é que a garota ganhou um irmão, o que significa que sempre foi criada como filha única e teve total atenção e cuidado dos pais. Moradora da cidade de Petrópolis, Angelina finalmente vai realizar o sonho de frequentar a faculdade de literatura, em uma grande universidade na cidade do Rio de Janeiro.

O problema é que Angelina é uma moça extremamente ingênua, com pais super protetores que a cercaram de mimos. Teve uma criação evangélica muito forte e as únicas pessoas com quem convive ou tem amizade também são evangélicas como ela!! Imaginem só sair desse casulo e ir morar sozinha, numa cidade como o Rio de Janeiro e sem conhecer ninguém?! A única referência que ela tem é Michele, filha de uma amiga da mãe, mas que ela não vê há anos. Michele será sua colega de quarto em uma república de estudantes e ela não tem ideia do que esperar.

Mesmo assim embarca para o Rio, em busca de seu sonho. E… logo de cara, ela percebe que a realidade não corresponde muito ao que ela esperava. A república até é legal e limpinha, mas Michele não é nada daquilo do que Angelina esperava. Aos olhos de Angelina, Michele é uma desgarrada. Não frequenta mais a igreja, não é chegada em assistir aulas, curte uma boa festa e até fuma a erva de Satã! (hahahahhahaha Desculpe, mas essa expressão é muito engraçada!! hahahaha)

Para piorar a situação, a faculdade (como toda faculdade pública no Brasil) é meio suja, largada e não se parece em nada com aquele ambiente de estudo que ela tão sonhava. Até os professores deixam a desejar!! Em seu primeiro dia, Angelina já fica super frustrada… O que salva é um cara gato que a ajuda a chegar na aula de Linguística I e faz o coração de Angelina bater forte. Hum… Só que o cara gato se chama Alderico e é na verdade o professor! Conhecido pelos alunos como Rico, o professor é um ex-aluno que voltou para dar aulas e tem um contato muito grande com os alunos. Rico não é distante como os outros professores. Ele está sempre envolvido com a galera e inclusive tem amigos na república de Angelina.

E assim vocês conseguem imaginar o que acontece, né?! Rs… Angelina e Rico acabam se envolvendo em um relacionamento proibido e intenso. Angelina é super ingênua e acredita no grande amor. A garota se entrega de corpo e alma ao relacionamento, deixando de lado inclusive suas crenças e ensinamentos da Igreja. Ela fica simplesmente deslumbrada. Rico passa por cima do fato de que a garota é sua aluna e não se importa em levá-la para a cama e tirar sua virgindade!! Para Angelina, eles se amam e não há nada de errado disso…

Angelina se foca tanto no relacionamento que acaba se desviando da igreja e dos estudos. Toma uma série de escolhas erradas e acaba se dando bem mal por causa disso… Até a Michele, que a essa altura já voltou pra igreja, fica chocada com as atitudes da amiga! Até mesmo de sua amada família a menina se afasta, evitando ao máximo contato com eles, por medo de que eles descubram tudo o que ela anda aprontando…

Ao mesmo tempo, a garota começa a ter sonhos estranhos, que não fazem muito sentido para ela: alguns homens surgem e oferecem objetos em uma bandeja. Assim que ela aceita os presentes, os homens se transformam em feras e desaparecem. Cada um dos objetos oferecidos se relacionam com pecados que nos seduzem a todo o tempo…

A ideia do livro é justamente trabalhar com um tema que atinge muitos jovens por aí. Más companhias, pressão dos amigos, maus relacionamentos e péssimas escolhas. Quem já não passou por isso?! E o que a autora tenta mostrar é que erros acontecem, mas todos eles tem solução. Não é uma escolha ruim que vai definir quem somos. Ninguém tem que ter vergonha de procurar ajuda, de reconhecer os erros e de querer corrigí-los!

E a mensagem até que é interessante, mas o livro não me convenceu! Eu bem que queria ter gostado, mas me senti tão agredida pelo lance gospel do livro que não rolou. Isso porque durante toda a narrativa as pessoas são divididas em dois tipos: os mocinhos – que são aqueles que frequentam a igreja evangélica, e os bandidos – que são os que não frequentam a igreja evangélica. Ah… e tem aqueles que quando frequentam a igreja são legais, mas que basta se afastarem da igreja que já fazem algo extremamente ruim, como é o caso da Michele, que é retratada dessa forma. Quando a Angelina a encontra ela tem atitudes muito ruins, bebe demais, usa drogas, falta às aulas e passa a madrugada na casa de caras que ela mal conhece. E ela faz tudo isso porque se afastou da igreja… Mas então a Angelina a influencia e ela volta para a igreja, passando a ser uma menina boa, estudiosa e leitora voraz da bíblia… Hein?!

Ou seja, passei a leitura inteira com a sensação de que só presta quem vai na igreja evangélica e quem não vai é tudo perdido, ruim e não presta! Bom… e como eu não vou na igreja evangélica, imaginem como eu me senti atacada, né?! Eu entendo que a autora quis valorizar o lance da religião e tudo mais, mas fez isso de uma forma que indiretamente ataca quem não tem a mesma crença! Será que não é possível ser uma pessoa boa, de bom coração e boas ações sendo católico, judeu, muçulmano, espírita, umbandista ou até ateu?! Lógico que sim…

Tudo o que eu consegui pensar é que os pais dessa menina a criaram dentro de um casulo e nunca a prepararam para a vida real. Na primeira vez que ela precisa se virar sozinha já faz a maior burrada!! E pra priorar morre de medo dos pais e não consegue recorrer a eles para pedir ajuda. Não vejo isso como uma coisa saudável. Por só ter convivido com pessoas da igreja dela, Angelina é preconceituosa com relação às pessoas! Além do fato de que ela é extremamente dramática. Ela foi tão protegida que se apaixona pelo primeiro cara que conhece. Aí comente um erro e já faz disso o fim do mundo!! Parece até que a vida dela acabou!!

Que fique bem claro que não tenho NADA CONTRA ninguém de nenhuma religião. Sou espírita, filha de pai católico não praticante e mãe metodista (que teve educação adventista quando criança). Estudei em colégio de freira e já fui até em centro umbanda. Uma das minhas melhores amigas é evangélica e a outra é judia! Ou seja, cada um que procure a religião que mais lhe agrade, mas em todo tipo de culto tem gente do bem!

Quero que fique claro que minha crítica não tem nada a ver com a religião da protagonista, mas sim com a alienação dela em relação ao mundo e às pessoas de crenças diferentes. Ela se sente melhor do que os outros porque é de uma igreja, age com superioridade e critica todo mundo o tempo inteiro. Ela passou a vida numa bolha, sendo mantida longe das “tentações” e age como se fosse uma santa sem pecados! E na primeira oportunidade que coloca o nariz pra fora da bolha já comete a maior bobagem… Isso tudo a fez parecer para mim uma chata, metida e preconceituosa! rs…

Bom, infelizmente pra mim não rolou por conta de tudo isso que eu expliquei, mas tenho certeza que o livro pode agradar muito. É bem escrito e no fundo tem uma boa lição. Fiz uma pesquisa rápida na internet e vi muitas resenhas super positivas! O mais bacana foi ver alguns depoimentos de jovens que disseram que a história da Angelina as ajudou a superar seus próprios problemas!! Achei isso legal pra caramba!! No fundo é o que vale?!

E a leitura é assim mesmo, né?! Gostar ou não de um livro tem muito mais a ver com nossas experiências, valores e convicções do que só com a qualidade do texto!!

Camila - Leitora Compulsiva

Veja os Comentários

  • Oi Camila!

    Bem amei o livro de cara ,pois sou evangelica e acho que antes de as pessoas julgaram pela aparência tem que ver o conteúdo ,para um livro brasileiro parece ser muito bom mesmo , bem que você podia sortear um néh rsrsrsrrrsrsrs :) . A história é basicamente o que os jovens vivem atualmente e bum vai para minha lista de leitura rsrsrrsrsrs.
    Beijos

    • E bem é claro a autora não se organizou direito devido a religião , não interessa que religião você seja basta crer em um só Deus ,pois os evangelicos ( e olha que sou uma eih) são os piores pregam o que não vivem ,mas deixando este assunto gostei de seu debate.
      Beijos

  • Ei Mila,

    Ah credo,to fora. Morro de preguiça desses livros que querem vender uma ideologia ou modo de vida. E fora que morro de preguiça de livro cristão de qualquer tipo. :P
    bjs

  • Te entendo perfeitamente, Camis! Não vejo mal quando se mistura religião ou crenças no livro desde que não se ataque as outras ou as pessoas que não as seguem...Afinal, cada um é cada um e quem somos nós pra julgar quem está certo ou errado? :)

  • Camis, eu já li esse livro e tive exatamente o mesmo pensamento que você. A ideia que passa é que só quem é evangélico está perto de Deus, e isso está longe, bem longe de ser verdade.
    Eu respeito todas as religiões e, assim como vc, acredito que cada um serve a Deus onde e da maneira que lhe agrada mais, mas isso não é motivo para levar tudo a ferro e fogo, julgando as demais pessoas como se elas fossem pobre coitadas, carentes de uma verdade que supostamente ainda não conhecem.
    Isso não cabe no meu pensamento!
    É óbvio que não estou generalizando. Fui amiga de um pastor durante muito tempo, e ele era de uma sabedoria incrível! Homem sensato, de uma mente muito aberta, super esclarecido e com um coração de ouro!
    Em todas as crenças e religiões há, muita gente bacana, de bem, mas também há muita gente idiota.

    Enfim, falei demais... rsrs.

    Beijo gigante!

  • Oi Camila :)
    Olha, a capa e a sinopse me deixaram bem curiosa em relação ao livro, mas depois de ler a sua opinião sobre o mesmo eu fiquei com um pé atrás.
    Eu entendo a ideia que a autora quis transmitir, mas não consigo aceitar. Acho tão errado isso de uma religião se achar superior a outra, ainda mais em relação ao que a autora transmitiu sobre frequentar a igreja já que muitas pessoas vão apenas para esquentar o banco porque não seguem nada do que é ensinado. Não vai pra whishlist por enquanto, mas quem sabe depois de um tempo eu crio coragem pra ler e tirar minhas próprias conclusões.

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Camila - Leitora Compulsiva
Tags: Arqueiro

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