Resenhas

A Forma da Água, de Guillermo Del Toro e Daniel Kraus #Resenha

Título: A Forma da Água

Autores: Guillermo Del Toro e Daniel Kraus

Editora: Intrínseca

Ano: 2018

Páginas: 352

Tradução: Edmundo Barreiros

Sinopse: AQUI 

Download do 1º Capítulo: AQUI

Onde Comprar o livro: Amazon, Submarino

Onde Comprar o E-Book: Amazon (Kindle)

***



No final do ano passado, tão logo o filme A Forma da Água começou a ganhar seus primeiros prêmios, a Editora Intrínseca anunciou a publicação do livro homônimo, dos autores Guillermo Del Toro e Daniel Kraus. Curiosamente, o projeto dos autores foi desenvolvido desde o início como uma história pensada de maneira independente para o cinema e a literatura. O roteiro e o livro foram escritos ao mesmo tempo, sem que um se baseasse no outro!

O livro entrou no topo da minha lista de desejados e, assim que o lançamento foi anunciado, pedi um exemplar pela parceria! Mesmo sendo projetos independentes, estava doida para conseguir ler o livro antes de ver o filme! Rs…

Sobre o que é “A Forma da Água”?

A Forma da Água conta a história de vários personagens e de como eles se relacionam com a captura de um ser aquático mítico e misterioso, que pode ser a chave para o aumento do poderio bélico dos Estados Unidos, em plena Guerra Fria.

Richard Strickland, um oficial do governo americano, é enviado pelo General Hoyt para a Amazônia. A missão de Strickland é capturar um ser mítico e extremamente poderoso, que os habitantes da região chamam de deus Brânquia. Durante dezessete meses, Strickland enfrenta as piores adversidades na selva. Ao retornar para os Estados Unidos, trazendo consigo o homem-peixe capturado, Strickland é um homem completamente diferente. A floresta o transformou em algo que ele próprio detesta. Tudo o que ele quer é que a criatura seja dissecada e estudada logo, para que ele possa voltar à sua vida normal e seguir em frente!

Elisa Esposito é uma das faxineiras do turno da noite da Occam, o centro de pesquisa secreto para onde o deus Brânquia é levado. Após crescer em um orfanato, Elisa leva uma vida sem graça e não tem nenhuma perspectiva. O fato de Elisa ser muda não ajuda em nada… Apesar de tudo, ela nunca perdeu as esperanças de viver uma aventura, uma vida diferente, um grande amor… E a chegada do deus Brânquia à Occam pode dar a ela tudo o que ela sempre desejou!

Muito embora Strickland e Elisa formem centro dessa trama em uma disputa sobre o destino do deus Brânquia – um querendo erradicar a aberração do mundo e a outra querendo criar laços – eles não são os únicos personagens que se destacam nessa trama.

A narrativa em terceira pessoa traz ainda o ponto de vista de Lainie Strickland (a esposa de Richard), Giles (o vizinho de Elisa) e Hoffstetler (o cientista da Occam). Cada um deles tem seu próprio drama pessoal e, de alguma forma, suas vidas também são influenciadas pelo deus Brânquia.

O que esperar desse livro?

A Forma da Água é um livro sensacional e mágico, muito bem escrito e capaz de provocar as mais diversas emoções nos leitores. Muito embora o foco da história seja a captura do deus Brânquia e a relação desenvolvida por Elisa com a criatura, são tantos os temas importantes tratados nessa trama, que é até difícil numerá-las.

Antes de mais nada, temos que pensar que a história se passa no ano de 1962, no auge da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. Na mesma época, acontecia um grande movimento de luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos, visando abolir a discriminação e a segregação racial. Ainda nesse período, a homossexualidade era considerada crime e os gays eram tratados como a escória da sociedade. E se ainda não bastasse, as mulheres ainda eram, em sua maioria, tratadas como seres de segunda classe, que precisavam de supervisão dos homens, seja dos pais, seja de maridos… (E as pessoas acham que hoje é que não existe diversidade…)

Foi nesse contexto histórico tão conturbado que os autores ambientaram essa trama e não perderam a oportunidade de abordar cada um desses temas, por meio de personagens cativantes e cuidadosamente criados para representar as mais diferentes pessoas.

Elisa Esposito é o exemplo de pessoas deficientes, que são consideradas anormais e passam a vida sendo vítimas de olhares tortos. Sua companheira de trabalho e melhor amiga, Zelda, é negra e na pele dela conseguimos sentir todo o preconceito daquela sociedade. Giles, o vizinho de Elisa, é um grande artista, discriminado por todos por ser homossexual. Hoffstetler, o cientista da Occam, representa a Guerra Fria e a situação de grandes pensadores que eram explorados por seus governos… Tudo em nome da pátria! E ainda temos Lainie Strickland, a mulher que sonha em ser mais do que uma dona de casa e uma esposa obediente!

Até mesmo Richard Strickland, visto como uma espécie de vilão, tem o papel de chamar a atenção para a dura situação vivida por ex-combatentes. Strickland claramente sofre de estresse pós-traumático, situação que deriva de sua trágica participação na Guerra da Coréia e é fortemente agravada por sua missão na Amazônia.

Todos esses personagens mostram que, no fundo, A Forma da Água é um livro sobre ser diferente e ao mesmo tempo ser como qualquer outra pessoa! E a pergunta que fica é: quem é o mostro nessa história?!

Sobre os autores e seus outros livros…

Guillermo del Toro é roteirista e diretor do sombrio e fascinante O Labirinto do Fauno, de Hellboy e de A Colina Escarlate, além de coautor da série de livros Trilogia da escuridão.

Daniel Kraus é o premiado autor de Scowler e Rotters e diretor de seis filmes. Mora com a esposa em Chicago.

Além de A Forma da Água, Guillermo Del Toro e Daniel Kraus também dividem a autoria do livro Caçadores de Trolls, também publicado pela Editora Intrínseca, que deu origem a uma série de mesmo nome produzida pela Netflix.

Camila - Leitora Compulsiva

Veja os Comentários

  • Olá, Camila!

    O lado interessante que esse livro possui é de ser diferente do filme. Richard no filme é um vilão puro, sem essa história que o marca, enquanto que aqui, as guerras e experiências que viveu o endureceram e o fizeram desejar que tudo acabe logo com o deus Brânquia. Considerando que o filme é mais focado na vida de Elisa e seu encontro com o deus, essa diferença faz sentido.
    Tanto filme quanto o livro reforçam através dos seus personagens o que você falou em um trecho da resenha "E as pessoas acham que hoje é que não existe diversidade…". No passado foi pior, mas há uma sensação que hoje podemos, se não tomarmos cuidado, regredir a essa situação de preconceito e limites extremos. Tudo devido a uma busca cega pelo poder, pela manutenção de um status que não deveria fazer mais sentido e pelo medo do diferente tirar a atenção de grupos que sentem que devem estar no topo. No fim, avançamos muito em termos de direitos, mas ainda cometemos os mesmos erros egoístas e segregativos de décadas e séculos atrás.

    Um abraço!

    • Oi, Leticia.
      Acho que o filme e o livro funcionaram super bem juntos.
      O livro acaba sendo muito mais abrangente e mostra mais de outros personagens, mas o filme teve que se concentrar em Elisa, senão não daria certo.
      Acho que é uma boa história para nos fazer refletir!
      beijos

  • Assisti o filme achei ele maravilhoso, é uma história bem original e também quando soube que eles escreveram o livro junto, a curiosidade ficou maior.
    Os personagens são muito bons, fortes, firmes, a história passa uma boa mensagem, limites preconceito...
    Achei interessante a parte da diversidade, bem nos dias de hoje existe sim e muito!

    • Oi, Helana.
      Gostei de saber que você adorou o filme. Espero que tenha a chance de ler o livro!
      Beijos

  • Oi Camila, tudo bem? Eu já vi o filme e apesar de não ter sido meu preferido na disputa do Oscar achei bem bonito e sensível! Pelo o que vc conta na resenha, o livro segue a mesma linha. Gosto dos trabalhos do Del Toro, mas nunca li nada dele, acho que agora vai ser a oportunidade perfeita! Também quero ver Caçadores de Trolls na Netflix.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

    • Oi, Mi.
      Estou morrendo de vontade de ver Caçadores de Trolls.
      Parece ser uma gracinha...
      Só rola uma preguiça básica de assinar o Netflix, então vou ter que passar umas tardes na casa dos meus pais para ver!! Rs...
      beijos

  • Oi Camila! Vi o filme e adorei! Achei surreal a fantasia do Guilhermo! Sou muito fã dele e de seus trabalhos, por isso vi assim que consegui! Amei a história, os personagens, o modo como ele inseriu tantas críticas no enredo. O livro foi feito simultaneamente ao filme, então acredito que haverão pequenos detalhes que não foram mostrados totalmente no filme. Mas foi uma obra que eu amei ver, e vou amar ler, com certeza!

    • Oi, Aline.
      Vale a pena ler o livro porque ele tem muito mais coisa que o filme. Não são só pequenos detalhes, são personagens inteiros que ganham destaque no livro e mal apareceram no filme!
      Beijos

  • Já vi o livro/filme por aí, e apesar da premissa ser interessante, e como você disse, trazer uma mensagem bacana de quem é o monstro de verdade, não fiquei curiosa pra ler o livro nem assistir o filme.
    Mas adorei saber um pouco mais sobre a história!

    Virando Amor

  • Olá!
    Primeira resenha que leio desse livro e posso dizer que fiquei bem interessada. Estava muito afim de assistir o filme, e nem pensei na hipótese de ler o livro. Gosto muito de livros que provocam as mais diversas emoções. Acho que primeiro vou ler o livro e só depois assistir o filme. rsrsrs
    Bjos

    http://www.momentosdeleitura.com

    • Oi, Pollyanna.
      Como o livro e o filme foram escritos ao mesmo tempo, não tem problema ver o filme primeiro... Rs!
      Mas vale a pena ler o livro!
      Beijos

  • Olá! Também é a primeira resenha que leio do livro.
    Parabéns pela originalidade da postagem!
    Mas não tenho vontade de ler o livro e nem assistir ao filme, embora é bem provável que o filme eu assista sim, em breve!
    Que bom que ele traz reflexões!
    Fiquei curiosa com a série caçadores de Trolls.
    Será que é boa? Vou lá confererir!
    Valeu pela dica!

    • Oi, Eliziane.
      Obrigada pelo carinho! Que bom que gostou!
      Espero que veja pelo menos o filme... E quem sabe ele te anime a ler o livro! Rs...
      Beijos

  • Olá!
    Eu vi o trailler e fiquei apaixonada pela dinâmica desse filme. Quero muito assisti-lo completo, porém vou realizar a leitura antes pois gosto de comparar as adaptações.
    Parece ser de uma sensibilidade tocante.
    Beijos!

    • Oi, Camila.
      As duas obras tem a mesma ideia, mas o livro é muito mais abrangente, então vale a pena ler!
      beijos

  • Juro que esse livro não tinha chamado nem um pouco a minha atenção... até vir aqui e ler sua resenha.
    Adorei!

    E se você gostou e elogiou, é porque vou ficar apaixonada!!

    Bjksss

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Camila - Leitora Compulsiva

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